II oficinas plurais

Num iminente cancelar de atividade. Talvez não seja senão um mito essa máxima de que por cá se gosta de teatro [arte].

Não são [só] as palavras que nos fazem; são sobretudo os gestos. Somos tão lautos nos elogios à ‘nossa terra’ no seu avultar em determinado território [mas sempre a posteriori, depois de feito – por outro – e por nós visto] como céleres no lamentar a inexistência desses mesmos territórios – que no fundo existem. Não fazemos senão confirmar o desconhecimento do que verdadeiramente nos faz. Somos gente do já feito; já visto; já ‘gostado’. Será que há alguém, por aí, capaz de escolher livremente um espaço mediante a sua potência, perante aquilo que ele oferece, e não apenas lamentar não o ter sabido depois de ter passado o seu tempo? Há alguém aí? Há alguém? Porque será Kant? Porque: - uma proposição é conhecível a priori se, e só se, for necessária. Ah. Pergunta Pessoa: - Que querem todos? – e responde no mesmo verso: - Nada. E eu que não sabia que pisava um palco-cidade onde tudo é sumidade, onde tudo é perito, onde não há a necessidade de pormenorizar, de confrontar saberes e perspetivas, de problematizar, de crescer, pois tudo, neste palco, é já experimentado. Onde está a consequência de tal estado? Anda alguém enganado ou a enganar-se. Pergunto-me: Para quê, se não há quem? Olho os vizinhos que perguntam: porque não mais se há tanto quem? Olho novamente para dentro e pergunto: Porque só olham estes para fora? As cidades, hoje como ontem, são e serão as suas pessoas e o seu agir – nisto a sua cara.